O alerta de que a economia
brasileira estaria na iminência da “volta da inflação” intensificou-se
nos dois últimos mandatos presidenciais.
Basta o impacto de algum fator sazonal (entressafra de hortifrutis, por
exemplo) para que nosso isento jornalismo econômico destaque com gravidade e
urgência acréscimos de segunda casa decimal no IPCA. Para tornar mais crível a
preocupação dos analistas com os rumos da economia, as editorias mudaram até a
forma de anunciar os índices. Como? Anteriormente, era destacada a
inflação mensal; de uns anos para cá, entretanto, garrafal e chamada já vêm com a INFLAÇÃO
ANUALIZADA. Assim, em vez de anunciarem o 0,01% do IPCA de julho/2014,
técnicos e jornalistas alarmam que, no referido mês, a inflação chegou a 6,50%,
atingindo o teto da meta usada como referência pelo próprio governo. Só depois,
sem alarde, é que comunicam que os 6,50% se referem ao acumulado observado nos
últimos 12 meses, isto é, de agosto de 2013 a julho de 2014. De forma que se cristalizou na opinião
pública a percepção de que a estabilidade monetária dos governos FHC teria sido
abalada nos governos Lula-Dilma. Tal sensação produzida pelos prestigiosos
guardiões de nossa liberdade de expressão; digo, a crença de que o "dragão
da inflação" está de volta não se sustenta nos fatos. Ao engenhoso Plano
Real – para o qual Fernando Henrique Cardoso
arregimentou idealizadores e operadores – seguiram-se políticas
econômicas que, com cautela (excessiva até), combinaram inflação cadente e taxas de juros menos
escandalosas. Quem se apoia nos dados
divulgados pelo IBGE e na mais elementar aritmética pode afirmar que a
inflação brasileira apresenta consistente queda de 1995 para cá. A análise elaborada por este PAINEL (vide
gráfico acima) mostra que – considerando os primeiros mandatos de FHC, Lula e
Dilma – a menor inflação acumulada é a
observada no governo DILMA (27,15% em 04 anos, contra 28,20% e 43,46% nos 04
anos iniciais de Lula e Fernando Henrique, respectivamente). Em suma, a ideia de que
a inflação tucana era mais baixa e controlada do que a “petralha” fica
devendo tanto às quatro operações, quanto à busca da isenção e verdade factual.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
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